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O USO DE CRAVO VERMELHO NA UMBANDA – POR EDUARDO DE OXOSSI

 


 

O cravo vermelho, além de sua beleza e aroma característicos, carrega consigo um profundo significado simbólico nas diversas culturas e tradições. Na Umbanda, essa flor desempenha um papel importante, especialmente nas oferendas a entidades masculinas como Ogum, Exus e Malandros.

 

O Cravo Vermelho e as Entidades Masculinas:

 

Ogum: Associado à força, coragem e proteção, Ogum é um Orixá guerreiro. O cravo vermelho, com sua tonalidade vibrante, é utilizado em oferendas para agradar e agradecer a Ogum, buscando sua bênção e proteção. A flor também simboliza a energia vital e a determinação, qualidades intrínsecas a esse Orixá. Em muitas culturas as donzelas davam cravos vermelhos aos maridos que iam à guerra simbolizando boa sorte. A flor era associado a boa sorte para que o derramamento de sangue não fosse o de seus amados.

Exus: Os Exus são entidades que atuam na limiar entre o mundo material e o espiritual, muitas vezes encarregados de realizar trabalhos de proteção e quebra de demandas. O cravo vermelho, nesse contexto, representa a energia do sagrado masculino, a força, a vitalidade e a virilidade. É utilizado em oferendas para fortalecer a autoestima, trazer alegria e motivação, além de auxiliar no corte de energias negativas. Nos velórios e enterros o cravo vermelho simboliza honra, colocamos ele em caixões simbolizando que ali está um bom homem, um homem honrado, uma raridade no seu jardim.

Malandros: Figuras presentes na Umbanda, os Malandros são conhecidos por sua sagacidade e capacidade de lidar com as adversidades da vida. O cravo vermelho, nesse caso, é utilizado em trabalhos e feitiços para o corte de vícios e de vínculos negativos. Ele auxilia no afastamento de más influências e no rompimento de padrões destrutivos, conduzindo à transformação pessoal. Malandros ativam a energia viva do cravo e até a ligação do Orixá Ogum para invocar o poder do corte, a força de vontade para parar um vício e assim por diante.

 

Curiosidades do Cravo Vermelho:

 

Portugal: Em Portugal, o cravo vermelho é um símbolo da Revolução dos Cravos, que marcou o fim da ditadura em 1974. A flor tornou-se um ícone da liberdade e da democracia, representando a esperança por um futuro melhor. O Cravo tornou-se um símbolo de vitória dos grupos de minorias e grupos que precisaram lutar pela sua liberdade.

Umbanda: Na Umbanda, o cravo vermelho transcende seu significado político e adquire um caráter mais espiritual. Ele simboliza a força interior, a coragem, a paixão e a determinação da energia masculina, sendo masculino aqui independente de gênero, mas um “sagrado masculino” assim como a rosa vermelha representa o “sagrado feminino”. A cor vermelha, por sua vez, está associada à energia, ao fogo e à vitalidade. Sendo essa uma flor de energia masculina, ela traz a força, garra, determinação e outras características do instintivo masculino da terra.

 

A Utilização do Cravo Vermelho em Oferendas:

 

As oferendas com cravo vermelho são realizadas com a intenção de fortalecer a conexão com as entidades masculinas e obter seus benefícios. A forma de preparo da oferenda pode variar de acordo com a tradição e o guia espiritual. No entanto, é comum utilizar o cravo vermelho em conjunto com outras oferendas, como velas, bebidas, comidas e outros elementos simbólicos.

 

Em banhos e defumações, o cravo vermelho é uma poderosa ferramenta espiritual na Umbanda, utilizado para conectar-se com as energias masculinas e promover a transformação pessoal e invocar a força da espiritualidade bruta, firme, forte, avassaladora, guerreira, resistente. Seus significados simbólicos, tanto na cultura portuguesa quanto na Umbanda, quanto em outras culturas reforçam sua importância como um elemento de força e proteção.

 

É fundamental ressaltar que a Umbanda é uma religião complexa e rica em simbolismos cuja doutrina se difere de casa para casa. A interpretação e o uso das oferendas devem ser realizados com o auxílio de um guia espiritual ou sacerdote de sua confiança, respeitando as particularidades de cada tradição e linha de trabalho.

 

Que Ogum, Exu e Malandro abençoem !
Pai Eduardo de Oxossi

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