O patriarcado, é um sistema social que concentra o poder nas
mãos dos homens e os coloca em uma posição de superioridade em relação às
mulheres. Trata-se de uma estrutura política, cultural, estrutural, social
profundamente arraigada na humanidade. Essa ordem social, construída ao longo
de séculos, tem como base a dominação masculina e a submissão feminina,
permeando todas as esferas da vida: profissional, espiritual, familiar, afins.
Historicamente, o patriarcado destinou as mulheres a papéis
secundários, limitando suas oportunidades e impondo-lhes uma série de normas e
expectativas. A mulher era vista como propriedade do homem, seja de seu pai ou
de seu marido, e sua principal função era cuidar da casa e da família. Essa
visão tradicional, que persiste até os dias de hoje, contribuiu para a
desigualdade de gênero e para a perpetuação de diversos tipos de violência
contra as mulheres.
O Patriarcado faz com que as mulheres somente possam ocupar papeis permitidos pelos homens, como se a mulher não pudesse ser empresária, esportista, sacerdotisa ou outra função social que o sistema entenda que é destinado apenas à figura masculina.
De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança
Alimentar (VIGISAN), divulgado em 2022, a insegurança alimentar é maior em
famílias chefiadas por mulheres negras, o que nos indica que os impactos do
patriarcado são ainda maiores e mais presente nas mulheres negras. A
interseccionalidade de gênero, raça e classe social intensificam as
desigualdades e as opressões que elas enfrentam.
Historicamente
marginalizadas e submetidas a um processo de dupla discriminação, sofrem com o
racismo, o sexismo e as opressões classistas. Essa combinação de fatores as
torna ainda mais vulneráveis à violência, à pobreza e à exclusão social. Quando
essa mulher preta ainda for adepta da religião de asé como Umbanda, Candomblé,
Quimbanda ou outra, esses ataques, opressões e boicotes são ainda maiores.
A Umbanda é formada em sua maior parte por mulheres, todavia o patriarcado ainda se manifesta com frequência de homens tentando oprimi-las: sejam policiais à porta, depredação do templo, abuso sexual, limitação de cargos nos templos aos homens, preconceito, etc.
Combater o patriarcado não apenas no terreiro, mas na sociedade é um desafio que exige a participação
de todos e todas. É fundamental desconstruir os estereótipos de gênero e
promover a igualdade entre homens e mulheres. Algumas ações que podem
contribuir para essa transformação são:
Educação: Promover a educação para a igualdade de gênero
desde a infância, desmistificando os papéis tradicionais e incentivando a
construção de relações mais justas e equitativas.
Lutas sociais: Fortalecer os movimentos sociais que lutam
por direitos iguais para todas as pessoas, combatendo o machismo, o racismo e
todas as formas de discriminação.
Representação política: Eleger mais mulheres, especialmente
mulheres negras, para cargos de liderança, ampliando a participação feminina na
política e na tomada de decisões.
Mudanças culturais: Questionar e desafiar os padrões de
comportamento machistas presentes na mídia, na publicidade, na educação, no
campo profissional e em outras esferas da vida social.
Construir uma sociedade mais justa e igualitária exige um
esforço contínuo e coletivo. É preciso reconhecer e combater as desigualdades
de gênero, raça e classe social, trabalhando para criar um mundo onde todas as
pessoas tenham as mesmas oportunidades e direitos.
Ao promover a consciência sobre a herança negativa do
patriarcado e o impacto que ele tem na vida das mulheres, especialmente das
mulheres negras, podemos contribuir para a construção de uma sociedade mais
justa e igualitária para todos e todas.
A Umbanda como Ferramenta de Combate ao Patriarcado e
Preservação das Religiões de Matrizes Africanas
A Umbanda, como religião de matriz africana, possui uma rica
cosmogonia que desafia os pilares do patriarcado. Ao reverenciar orixás
femininos como Iansã, Oxum e Nanã, a Umbanda eleva a figura feminina a um lugar
de poder e sabedoria, contrapondo-se à visão patriarcal que historicamente
subordina as mulheres.
O papel do umbandista nesse contexto é fundamental.
Ao praticar a Umbanda, o indivíduo se conecta com esses princípios de igualdade
e respeito, internalizando valores que desafiam as hierarquias de gênero. O
umbandista pode atuar como agente de transformação social, promovendo a
igualdade de gênero dentro e fora dos terreiros.
Algumas formas de atuação do umbandista no combate ao
patriarcado e na preservação das religiões de matrizes africanas incluem:
- Empoderamento
feminino: Incentivar a participação ativa das mulheres nos terreiros,
valorizando seus conhecimentos e habilidades.
- Respeito
à diversidade: Promover um ambiente inclusivo e acolhedor, onde todas
as pessoas se sintam representadas e respeitadas, independentemente de sua
orientação sexual, identidade de gênero ou raça.
- Combate
ao racismo e à intolerância religiosa: Defender as religiões de matriz
africana, combatendo o racismo e a intolerância religiosa, que
historicamente têm sido usados para oprimir e marginalizar as mulheres
negras.
- Educação
religiosa: Participar de cursos e palestras sobre as religiões de
matriz africana, letramento racial e outros temas que ajudem
desmistificando crenças e práticas, e promovendo o respeito à diversidade
religiosa.
- Ativismo
social: Participar de movimentos sociais e políticos que lutam por
direitos iguais para todas as pessoas, especialmente para as mulheres
negras.
- Cura espiritual: Utilizar os conhecimentos da Umbanda para promover a cura espiritual e emocional, auxiliando as pessoas a superar traumas e construir uma vida mais plena e feliz.
A Umbanda oferece um espaço seguro de resistência e de
afirmação da identidade para todas as mulheres, em especial as mulheres negras
que carregam a ancestralidade religiosa de seus antepassados. Ao valorizar a
ancestralidade africana e a espiritualidade feminina, a Umbanda contribui para
a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde todas as pessoas
possam viver em liberdade e dignidade.
É importante ressaltar que a luta contra o patriarcado é
um processo contínuo que exige a participação de todos e todas. Ao integrar
os princípios da Umbanda em nossas vidas, podemos contribuir para a
transformação da sociedade e para a construção de um futuro mais justo e
igualitário.
Uma religião que cultua POMBOGIRA jamais pode ter a figura
masculina como seu superior. Na Umbanda a figura masculina e feminina andam
juntas em parceria e não uma sobre a outra. Isso vale para energias de Orixás, falanges
e relações humanas. Homens e mulheres atuam em prol da comunidade investindo
suas energias no crescimento e empoderamento mútuo daquele chão e, portanto, colhendo juntos os frutos desse trabalho. Qualquer chão que pense
diferente e coloque o homem sobre a mulher estará mostrando que ali está
enraizado fortemente o patriarcado.
Comentários
Postar um comentário