A CAPA E CARTOLA DE TRANCA RUA DAS ALMAS

Por Tranca Rua das Almas em resposta ao cavalo Eduardo de Oxossi quando era Médium de corrente no Templo de Umbanda Caboclo Ubirajara (SP). Hoje, Eduardo é Sacerdote do T.U.S. Caboclo Pena Verde e Caboclo Flecheiro de Aruanda (SP).

Um dia comum, uma grande conversa com Tranca Ruas

Voltando para casa, cantarolava um ponto de Exu:

"De capa e cartola caminha na madrugada, andarilho das estradas, sempre combatendo o mau...
Seu Tranca Ruas é amigo, camarada, dando fortes gargalhadas, me livra de todo mal...
É Laroyê Exu, é Mojubá! Melhor que Tranca Ruas das Almas não há!"

Nesse momento, surgiu uma grande conversa com Sr. Tranca Ruas.

Sou Eduardo. Quando escrevi este relato, já caminhava na Umbanda há quase três anos: um ano e meio na corrente de desenvolvimento e outro ano e meio trabalhando em uma gira de Umbanda em São Paulo. Respondo com Oxóssi e Oxum como orixás de frente, mas, por destino e honra espiritual, trabalho na linha de esquerda com Sr. Tranca Ruas das Almas. Ele atua fortemente na linha de Ogum e na vibração de Omolu/Obaluayê, revelando-se como meu Exu de trabalho.

O presente: capa e cartola

Certo dia, senti uma vontade intensa de presenteá-lo com uma capa preta, vermelha por dentro, e uma cartola. Fui intuído a visitar uma casa de Umbanda, onde encontrei exatamente o que havia imaginado. Não tinha o dinheiro, mas uma voz interior dizia: "Não se preocupe, eu quero e providenciarei o recurso." Para minha surpresa, na mesma semana o dinheiro apareceu, e consegui avançar com o presente.

Curioso, como bom filho de Oxóssi, perguntei ao Exu sobre o significado da capa e da cartola. Ele respondeu com profundidade:

"Na Umbanda, o uso de roupas ou objetos de caráter simbólico não é obrigatório. O branco representa o todo. Guias como eu já desencarnaram ou são energias plenas que assumem formas conforme a necessidade, baseadas no coração de quem nos serve de cavalo. A grandeza de um presente não está no seu valor material, mas na intenção e na energia consagrada a ele."

"A capa, no entanto, carrega um simbolismo antigo. Desde antes do seu nascimento, ela representa magia e trabalho espiritual. Em meu caso, é um manto de natureza oculta, que simboliza proteção, humildade e a sabedoria concedida aos guerreiros espirituais para atuarem na caridade. O vermelho interno simboliza o sacrifício do 'eu interior' e as batalhas enfrentadas e ainda por vir. O preto externo representa o vazio, o livre-arbítrio, o tudo e o nada. Minha capa é um escudo invisível, protegendo contra demandas, invejas e espíritos mal-intencionados."

"A cartola, por sua vez, conecta-me ao seu Ori (mente). Protege seus pensamentos e reforça nossa ligação. Ela também permite a leitura das intenções alheias e a proteção contra influências negativas. Quando combinadas, a capa e a cartola me ajudam a atuar tanto no plano físico quanto espiritual, ocultando rastros e realizando o que é justo."

"O preto da capa simboliza ainda os impulsos humanos, o inconsciente e as trevas que consomem o mal. Como Tranca Ruas das Almas, trabalho com almas em luz, em trevas e as que transitam entre ambas. Sangue não é derramado apenas pela violência, mas também pela inveja, mentiras e pensamentos negativos. E é assim que sou chamado por muitos: o advogado das almas."

Conclusão

Cada guia é único, parte de uma falange maior. Este texto é um reflexo das intuições que recebi de Tranca Ruas. Ouça sempre seu guia, pois muitos fundamentos serão ditos diretamente a você. Afinal, como ele bem disse: "Intuição é uma coisa que a gente não trava."

Axé a todos!
Eduardo de Oxóssi