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VOCÊ IMAGINA COMO OS TERREIROS MOVIMENTAM A ECONOMIA LOCAL EM TORNO DA COMUNDIADE QUE ATUAM?

 



Você sabia que os terreiros de matrizes africanas trazem inúmeros benefícios indiretos além do que já conhecemos como espaços de fé, resistência e acolhimento? 

Eles são também motores ativos de desenvolvimento para o comércio do seu entorno. O axé que praticamos utiliza com frequência o uso de elementos, oferendas, ervas, fumos entre outros em sua ritualística. 

Esses elementos não chegam gratuitamente ao terreiro ou na vida da pessoa. Todo custo que um médium ou consulente tem em sua aquisição ajuda a sustentar nossa fé e também impulsiona a economia local, gerando um impacto real e concreto para milhares de famílias daquela comunidade.

Vamos ver abaixo alguns exemplos de como essa força se manifesta no dia a dia:

- Alimentação: Cada oferenda, cada festa, cada obrigação dentro de um terreiro gera um fluxo constante de consumo. Mercados, feiras, mercearias, adegas, tabacarias, papelarias e açougues no bairro sentem diretamente esse movimento, com a compra de ingredientes específicos e de qualidade para as preparações, como frutas frescas para as oferendas, carnes para os ritos e folhas diversas para os banhos e amacis.


Utensílios e artigos religiosos: Velas de todos os tamanhos e cores, tecidos (como a chita colorida e o morim branco), louças, balaios, quartinhas, alguidares, defumações, ferramentas de Òrìṣà e uma infinidade de objetos de culto são essenciais para as práticas religiosas. A busca por esses itens direciona a clientela para lojas do bairro ou comércios especializados, fortalecendo esses negócios.


Vestuário: As roupas brancas usadas por todos, os panos de cabeça, as guias e os trajes cerimoniais com suas cores e adornos vibrantes não surgem do nada. Eles são frequentemente encomendados a costureiras, bordadeiras e artesãos locais, que encontram nos terreiros uma fonte de trabalho e renda, seja na confecção de saias de baiana, camisas, batas ou até na reparação de vestimentas rituais.


Manutenção e infraestrutura: A casa de orixá, assim como qualquer outro espaço, precisa de cuidado e manutenção. Limpeza, pintura, compra de materiais de construção, instalação de banheiros e reformas diversas também alimentam a economia de pedreiros, pintores e fornecedores que vivem perto do terreiro. Pense na necessidade constante de descartáveis, desinfetantes, detergentes e materiais de limpeza para manter o ambiente sagrado impecável. Além disso, pequenas reformas, como a instalação de novas torneiras ou a pintura da fachada, também geram trabalho e renda.


Transporte: Não podemos esquecer que a movimentação de pessoas também gera economia. Consulentes, médiuns, visitantes e até mesmo os membros da casa utilizam transporte público (ônibus), aplicativos (Uber, 99) ou táxis para chegar e sair dos terreiros, contribuindo com a economia de motoristas e empresas de transporte.


Geração de Renda para Outros Profissionais: Além dos exemplos que já citamos, os terreiros também geram demanda para outros profissionais, como fotógrafos e cinegrafistas para registrar eventos importantes.


Ações Sociais e Comunitárias: Muitos terreiros desenvolvem projetos sociais importantes em suas comunidades, oferecendo cursos, oficinas, apoio alimentar, ações de sustentabilidade e atividades culturais. Essas ações, embora não tenham um objetivo de lucro direto, movimentam a economia local ao gerar demanda por materiais, contratação de profissionais e aquisição de todo material necessário para ação.


O custo da formalização, operação e legalização do terreiro:  A administração do terreiro contribui com mensalidades às federações, associações e fornecedores (licença de funcionamento, CNJT, AVCV, água, luz, internet, aluguel, outros).


Valorizar os terreiros é, portanto, muito mais do que respeitar a diversidade religiosa! 


É reconhecer o papel fundamental que eles desempenham na economia local, gerando emprego, renda e movimentando a comunidade e seu mercado local. É perceber que o axé que nos sustenta espiritualmente também sustenta o nosso povo de outras formas, criando uma rede de prosperidade e solidariedade.

Em suma, o pulsar dos tambores nos terreiros reverbera muito além dos seus muros sagrados. Ele ecoa na economia local, sustentando famílias, impulsionando negócios e enriquecendo a cultura de nossas cidades. 

Ao reconhecermos o valor espiritual, social e econômico dessas comunidades de fé, estamos, na verdade, valorizando a própria diversidade e a força do nosso povo. Que possamos, cada vez mais, olhar para os terreiros não apenas como centros religiosos, mas como importantes pilares para o desenvolvimento de nossas comunidades, compreendendo que o axé que nutre a alma também nutre a nossa sociedade como um todo.


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