Ser um sacerdote de Umbanda é antes de tudo um chamado do
coração, um eco da espiritualidade que ressoa em nossa alma e nos impele a
dedicar a vida ao acolhimento e ao auxílio do próximo, sob a luz dos Orixás e
das entidades que guiam nossos passos.
Sacerdote é alguém que exerce a liderança religiosa da comunidade. Nossa liderança religiosa se manifesta primordialmente no
ato de estender a mão, de ouvir com o coração aberto aqueles que chegam ao
terreiro buscando conforto, orientação ou simplesmente um espaço de
pertencimento. Somos os guardiões da fé, os facilitadores do encontro entre as
necessidades humanas e a sabedoria ancestral que a Umbanda nos oferece.
No dia a dia da nossa comunidade, somos constantemente chamados a mediar conflitos, a tecer a paz entre aqueles que, porventura, se encontram em desarmonia. Buscamos, através do diálogo fraterno e da aplicação dos princípios de amor e caridade que norteiam nossa religião, restabelecer o equilíbrio e a compreensão mútua.
Desenvolver pessoas é também uma parte intrínseca do nosso papel. Observamos os dons e as potencialidades de cada membro da comunidade, incentivando o estudo, a prática da mediunidade com responsabilidade e o crescimento espiritual individual e coletivo. Acreditamos que cada um tem um papel importante a desempenhar na corrente de luz que formamos. Olhar e direcionar as relações humanas dentro de um terreiro também é papel do Sacerdote de Umbanda.
A estruturação do calendário de ritos é uma tarefa que exige atenção e conhecimento profundo dos ciclos da natureza e das energias espirituais. Cada festa, cada gira, cada obrigação tem seu tempo e seu fundamento, e cabe a nós garantir que sejam realizados de forma adequada, honrando as tradições e conectando a comunidade com as forças sagradas em momentos propícios.
Zelar pela aplicação correta dos fundamentos do sagrado é
uma responsabilidade constante, transmitindo os ensinamentos dos mais velhos,
preservando a pureza dos rituais e assegurando que a essência da Umbanda seja
mantida viva em cada prática.
A vida no terreiro também nos coloca diante da necessidade
de administrar uma rotina burocrática que, por vezes, pode parecer distante do
plano espiritual, mas que é essencial para a sustentabilidade da nossa casa de
fé enquanto organização.
Lidamos com questões administrativas, financeiras e de manutenção do espaço físico, buscando sempre a transparência e a responsabilidade na gestão dos recursos. Além disso, como líderes de uma instituição religiosa, temos deveres civis a cumprir, garantindo que o terreiro opere dentro da legalidade e que nossa comunidade possa exercer sua fé com liberdade e segurança.
Assim, ser sacerdote de Umbanda é entre muitas outras
coisas, trilhar um caminho multifacetado, que exige dedicação, estudo
constante, amor incondicional pelo próximo e uma profunda conexão com o
sagrado.
É ser um ponto de apoio, um farol de esperança e um
instrumento da paz em um mundo muitas vezes turbulento. É viver em constante
aprendizado, com a humildade de saber que somos apenas canais de uma força
maior, e com a firmeza de quem encontrou sua missão na Terra: servir com
alegria e fé.
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