A mediunidade é um fenômeno pelo qual uma pessoa incorpora seu guia e mentor de trabalho para prática da caridade nas religiões espíritas. Em especial na Umbanda, a incorporação pode ser consciente ( o médium vê os movimentos do guia, mas não os controla), inconsciente (o médium não lembra do que fez) e semi - inconsciente (dividir momentos entre um e outro). Neste processo, caso a matéria (aparelho mediúnico) não esteja bem tratada em termos de espiritualidade, comportamento, personalidade e doutrina, ela pode executar de maneira negativa o que chamamos "passar na frente do guia".
Guias espirituais são seres de luz e já estão em estado de evolução superior aos nossos. Nós por outro lado, estamos em busca de evolução constante. Em alguns terreiros, médiuns veteranos ou novos lutam por espaço físico, por espaço para aparecer mais com o seu guia, por uma roupa mais cara e até mesmo limitam-se a incorporar apenas quando cantam pontos para suas entidades.
Este tipo de situação (seja em terreiros grandes ou pequenos, seja com médiuns jovens ou já iniciados na religião) é mais comum do que pensamos. Ruim não é cometer o erro de "passar na frente do Guia", ruim é fazer isso, não ter a HUMILDADE de reconhecer e mais, acreditar que isso é normal. O Guia quando vem trabalhar em terra ou se retira de um trabalho espiritual, por mais pesado que seja uma gira, por mais apertado que seja uma casa, ele vai tentar levar a carga da forma mais amena possível.
Pensem comigo, adianta um guia desencorporar de forma brusca para retirar uma carga e cair por cima de um irmão causando algum tipo de acidente físico? Muitos guias precisam ser doutrinados pois cada casa atua de uma forma. No Candomblé, geralmente o guia incorpora, mas se retira do salão para poder se vestir e depois volta para sua dança, gira e trabalhos. Na Umbanda, não há esta troca de roupas ou espaço especial para os guias se trocarem, aliás, nem é comum esta variedade de roupas (isso já deriva uma linha de Umbanda mais flexível, ou em outras palavras, o Umbandomblé).
O Guia espiritual atende em qualquer lugar do terreiro: na frente, na porteira, com o terreiro cheio, vazio, com atabaque, sem atabaque, etc. Se começarmos a nos deparar com guias que supostamente necessitam de "espaço" para aparecer, como se a gira dependesse só daquilo, temos que nos questionar o quanto este processo de incorporação é consciente, inconsciente, semi-consciente ou o quanto que a matéria está passando na frente do seu próprio guia.
A vaidade, o ego, o orgulho, a necessidade de ser reconhecido são apenas alguns dos sentimentos que são próprios do ser humano. Ruim não é tê-los. Ruim é identificá-los e não ter a humildade de corrigí-los. Quando isso acontece em uma casa, geralmente um clima desagradável se espalha, inclusive filhos cobram a postura dos dirigentes para que seja corrigido. Há várias formas de corrigir um médium e um guia que está sendo doutrinado, entre elas;
- Reuniões;
- Giras propriamente ditas;
- Aulas teóricas;
- Material que formaliza as normas da casa;
- Suposta "surra" ou correção do próprio guia da pessoa;
- Etc.
No nosso terreiro, trabalhamos com sete valores de conduta em que não abrimos mão para quem ingressa e deseja permanecer na corrente mediúnica, entre eles:
- Orientação para o cliente
- Orientação para resultados;
- Ética e Profissionalismo;
- Trabalho em equipe;
- Qualidade;
- Responsabilidade;
- Auto-gerenciamento
O Autogerenciamento é o mais difícil deles, pois por mais louvável que seja a reclamação de um filho sobre um que esteja passando na frente, ele ainda está cometendo o pecado de olhar para vida do seu irmão do lado. Na bíblia quando Deus diz "Vigiai e orai" ele está se referindo que cada um olhe e vigie a sua própria vida e conduta e não a do outro. É muito mais fácil nos incomodarmos com o que os outros fazem de errado do que olharmos para nós mesmos e isso é em si um processo de evolução. Se o filho que foi jogado longe ou o filho que tem a necessidade de uma incorporação mais expansiva estivessem prontos, não precisariam de evoluir, não precisariam atuar com a caridade, mas já seriam seres de luz.
Em Umbanda ninguém está pronto, nem mesmo os seus dirigentes (por mais tempo de casa que tenham). A missão para o Umbandista só termina no desencarne e mesmo assim, caso ele não tenha tido uma vida digna, ele está a mercês de voltar, de ir para o Umbral, entre outras correções do Astral.
CONCLUSÃO
Um guia por mais ativo que ele seja (por exemplo um boiadeiro) vai zelar pelos médiuns que estão ali e jamais empurrará um colega para ter mais espaço a sua volta, como tal, é um exercício diário para todo Umbandista que atua em grupo lembrar que "Oxalá nos guiou e uniu", então não nos cabe julgar, apontar, criminalizar, mas sim, amar, acolher, orientar, conversar e corrigir. É difícil? Sim! Mas se fosse fácil não seria Umbanda. Umbanda é fundamento e é preciso estudar.
Umbanda é um processo e é preciso evoluir. Umbanda é algo que você não pode fazer pelo seu irmão do lado. Regras como livre arbítrio, ação e reação, merecimento, carma e missão são apenas algumas das variáveis que cada um vai passar de forma única nesta vida. Temos que aprender a ser humildes e lembrar que em terreiro NÃO HÁ ESPAÇO para vaidade, julgamento, picuinhas, fofoca, raiva, etc.
Ninguém é obrigado a ir com a cara de ninguém, principalmente fora da gira, mas existe uma coisa que se chama maturidade, respeito e profissionalismo. O que estas palavras significam para cada um de nós? Daqui para frente, é a necessidade de aprendizado de cada internauta que visita o nosso Blog. Independente do terreiro que você está, desejamos a você que:
Oxalá lhe lembre do que é a PAZ.
Oxum lhe lembre do que é o AMOR.
Ogum lhe lembre do que é a VITORIA.
Yansã lhe lembre do que é a DETERMINAÇÃO.
Oxossi lhe lembre do que é a INTELIGENCIA.
Xango lhe lembre do que é ser JUSTO.
Nana lhe lembre do que é ser MADURO.
Obaluae lhe lembre do que é ter SAÚDE.
Omolu lhe lembre do que é ter uma PERDA.
Oya lhe lembre o que é o TEMPO.
Egunitá lhe lembre o que é a BATALHA.
Obá lhe lembre do que é a RESISTÊNCIA.
Oxumaré lhe lembre do que é o OTIMISMO.
Yemanjá lhe lembre do que é ter PACIÊNCIA.
São sete linhas de Umbanda com 14 Orixás alocados em tronos para que independente do seu orixá de cabeça, possamos evoluir e beber aquilo que mais nos falta. Para cada um falta uma coisa diferente.
SE A VIBRAÇÃO DOS ORIXÁS NÃO FOR SUFICIENTE?
Que a linha de Caboclos lhe ensine que O MENOS É MAIS.
Que a linha de Baianos lhe ensine que ALEGRIA É DIFERENTE DE ORGULHO.
Que a linha de Eres lhe ensine que NÃO PRECISAMOS DE MUITO PARA SER FELIZ.
Que a linha de Pretos Velho lhe ensine que NÃO PRECISAMOS DE MUITO PARA VIVER.
Que a linha de Ciganos lhe ensine a VIVER EM GRUPO COM DIFERENTES PESSOAS.
Que a linha de Marinheiros lhe ensine a SORRIR DOS SEUS PROBLEMAS.
Que a linha de Boiadeiros lhe ensine a LAÇAR SEUS DEFEITOS.
Peça a Deus que você evolua até aqui, para depois não reclamar de ter tido que aprender COM A LINHA DE ESQUERDA.
O que falta para você levar uma vida santa em um chão santo com irmãos santos reunidos por Deus?
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