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A MORTE SOBRE UMA PERSPECTIVA UMBANDISTA - POR EDUARDO DE OXOSSI




A morte é o encerramento da vida, o término da consciência, o desligamento da carne. Ela pode acontecer parcial (o falecimento de algum órgão) ou total, morte do corpo humano. Desde o dia em que nascemos já estamos morrendo, em outras palavras, nosso cabelo, pele, ossos, células estão se desenvolvendo dia a dia rumo ao envelhecimento.

 

TIPOS DE MORTE

 

A morte pode chegar em nossas vidas de diversas maneiras:

 

- Morte Natural: aquela onde o corpo para de funcionar porque já atingiu seu tempo útil de funcionamento, por exemplo: “Morrer de velhice em uma cama”.

- Morte antecipada: aquela que vamos reduzindo pelos maus hábitos de vida, ou seja, por uma vida sedentária, pelo abuso de drogas, por negligências de saúde, etc. No espiritismo isso pode ser associado a uma espécie de suicídio.

- Morte acidental: aquela por acidentes, coincidências...Imagine por exemplo que você nunca voou de avião por medo de morrer, mas em um acidente ele cai na sua casa e você venha a falecer. Não teve culpa atrelada, é a que chamamos de “morte acidental”.

-Suicídio: o ato de tirar a própria vida.

- Assassinato: Quando alguém interrompe definitivamente a nossa vida.

- Pena de morte: Quando a sociedade decide que vai interromper a nossa vida.

- Negligência política: Quando morremos por negligência de cuidados básicos que o estado deveria prover a nós e nossa família.

 

Quem decide se vamos morrer naturalmente, acidentalmente, assassinado ou de outra forma? O quanto é o nosso livre arbítrio x o quanto é a predeterminação espiritual do que temos que passar?

 

Uma coisa é fato, não temos todas as respostas para este tema, porém, sendo a Umbanda uma religião que busca explicações em outras religiões (Espiritismo, Pajelança, Catolicismo, Matrizes Africanas, etc.), ela traz algumas ideias e suposições do que acontece sobre a morte, com quem morre, por que morre e o que acontece na vida após a morte. 

 

EVOLUÇÃO DOS RITOS FÚNEBRES

 

Antigamente, na época das cavernas, não tinha ritual fúnebre. Quando alguém da tribo morria, comiam-se seus dejetos e/ou largava-se o corpo lá. Em épocas medievais, os corpos começaram a ser enterrados para evitar doenças, mal cheiro e outros problemas da decomposição.

 

Em tribos consideradas pagãs, quando se enterrava um membro que morreu e no local do enterro nascia alguma flor ou planta, acreditava-se que havia ocorrido algum evento espiritual, sagrado. Não havia ciência para atrelar status de adubo do corpo em decomposição.

 

Em culturas nórdicas era comum a cremação do falecido, cuja alma seguiria para Valhala. No Egito, ao morrerem os faraós eram embalsamados e enterrados com todos os seus escravos (vivos). Para alguns tipos de bruxaria, é defendido que se enterre o corpo para que ele sirva de alimento a cadeia da mãe natureza que tanto nos alimentou em vida.

 

O termo “velório” advém de velas, em um período em que não se tinha energia elétrica e os corpos eram velados na sala das casas.

 

Poderíamos dar infinitos exemplos de ritos fúnebres, a questão é que, a maneira cultural em que a morte e seu rito são entendidos, impacta diretamente no tipo de dor e no de visão de que teremos sobre a morte.

 

Quem é contra x a favor de cremação, quem é contra x a favor de enterro, etc.  Se sua influência é cristã, você vai considerar o inferno. Se é espírita vai considerar o umbral, se é do candomblé vai considerar os ancestrais / egun egun e assim por diante.

 

Dependendo da influência da sua Umbanda, do seu sacerdote e da doutrina da sua casa, uma visão de morte, sobre o que se fazer com os mortos e o que acontece com eles, pode ser mais frequente e presente que outra. Todavia, uma coisa parece ser comum a todo tipo de Umbanda: A possibilidade de não ter que reencarnar e sim trabalhar em alguma falange.

 

Isso mesmo! Quantas vezes você não ouviu de um guia que ele estava ali até cumprir a missão dele? O que seria ele se não um espírito que, ao invés de encarnar, foi direcionado para cumprir sua missão de outra maneira?

 

MORTE E UMBANDA

 

Partindo de todas essas provocações está longe da Umbanda (que é uma banda só, que abre espaço para diferentes religiões) dizer que o jeito A ou B é o mais correto. Vou citar aqui uma interpretação do Alan Barbieri que achei fantástica sobre o tema.

 

Ele diz que Oxalá, na sua sabedoria, permite estas diversas possibilidades de experiência de desencarne e morte para que cada organismo possa passar pela experiência que precisa, ou seja, quem precisa de Umbral tem Umbral, quem precisa virar falange vira, quem precisa dormir eternamente dorme, quem precisa reencontrar seus antepassados reencontra, etc.

 

As únicas referencias escritas que temos sobre o tema foram trazidas por psicografias, não há outra maneira de alguém de lá contar para alguém de cá o que aconteceu de fato. Por isso, achei a explicação dele muito pertinente e respeitosa.

 

Outra coisa interessante na perspectiva de morte da Umbanda é a presença do Orixá Omolu, que nos foi apresentado para ajudar com o encerramento de ciclos. Podemos recorrer a ele e a linha de pretos velhos (almas) para encontrar conforto no luto, sabedoria para compreender o que pode ser compreendido e aceitar o que ainda não temos resposta.

 

Independente de quem realmente sabe o que acontece quando morre ou porque morre. O fato é que todos vamos passar: de um jeito ou de outro.  

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