Na Umbanda e suas vertentes é muito pouco utilizado o conceito de “Qualidades de Orixás”, isso por que a nossa interpretação é por tronos, ou seja, quando me refiro ao trono feminino do amor, ali cabem todas as Oxuns, divindades do amor, seus sincretismos e qualidades.
Sempre que ouvir uma tratativa sobre um Orixá dual na Umbanda, é preciso voltar ao Candomblé e as religiões de matrizes africanas para entender que esse conceito diz respeito a Um Orixá que corre com o outro, por exemplo: Oxum Opará (Uma Oxum que corre ou tem história com Yansã), Ogum Xoroque (Um Ogum que corre com Exu), Xango Ayrá (Um Xango com história com Oxalá) e assim por diante.
Na Umbanda geralmente quem acabou ramificando nomes (o que mais se aproxima de qualidade) foi o Orixá Ogum: Ogum Beira Mar (Que Corre nos caminhos de Yamanjá e Oxum), Ogum Megê (Que corre nos caminhos de Omolu), Ogum das Matas (Que Corre com Oxossi), Ogum das Pedreiras (Que corre com Xango) e assim por diante.
O Xoroque aparece na Umbanda com facilidade, pois nessa linha de trabalho (Trono masculino da lei) popularizou o nome das qualidades dos Oguns com os quais os médiuns trabalham, neste sentido, a presença do Ogum Xoroque na Umbanda é mais para representar um Ogum que corre com Exu.
Com o passar dos anos e das diferentes formas de cultura e repassar os ritos deste Orixá, muitas crenças se criaram sobre ele, como por exemplo, que ele seria metade Ogum e metade Exu. Eu particularmente acredito que essa forma de ver a divindade é uma analogia, para mim, dizer que um ser é tão junto que chegam a serem metades um do outro nada mais é do que ilustrar que trabalham juntos formando uma terceira energia, como por exemplo: Exu (1) + Ogum (2) = Ogum Xoroque (3).
CANDOMBLÉ X UMBANDA
O Candomblé tem sua própria estrutura de lendas, Odús, ritualísticas para olhar para o Orixá e sua facetas. No caso de Ogum Xoroque, acredito que seja mais o olhar das facetas em que Ogum esteve tão quente no seu lado da guerra e dos caminhos que as pessoas ficavam na dúvida se era um Ogum ou um Exu.
Se Ogum e Exu já são energias quentes, entendo que Ogum Xoroque é uma energia duplamente aquecida. Se Ogum e Exu são duas energias corajosas e poderosas, entendo que Ogum Xoroque é a manifestação de quando as armas de Ogum encontram a magia de Exu, de quando a estratégia de Ogum encontra a criatividade de Exu, ou ainda, quando a liderança de Ogum encontra a motivação de Exu.
Na Umbanda Sagrada, uma das vertentes de Umbandas que mais entende os Orixás enquanto energias (e não como formas) fica fácil entender que a manifestação do Ogum Xoroque é a manifestação de um Orixá do trono masculino da lei que alcança um grau tão vibratório específico que se aproxima da vibração da esquerda.
O Candomblecista não pode falar pelo Umbandista e vice versa, o Umbandista não pode querer se apropriar de pedaços de uma história sem entende-la por completo. O que eu percebo que é saudável é que a energia de Ogum Xoroque se apresenta em ambas da sua maneira, ou seja, no Candomblé respeitando suas vestimentas, seus Oros, seus toques de Yoruba, etc. Enquanto que na Umbanda talvez com mais simplicidade e também tentem mostra outra forma que é possível se apresentar de uma energia aquecida e unificada da guerra e das encruzilhadas.
Tanto a Umbanda quanto o Candomblé tem mostrado grande apreço por essa energia e a energia tem respondido aos seus cultuadores.
O PODER DO SETE
Uma das curiosidades que se contam sobre essa energia é que Ogum Xoroque corre forte pelo 7, ou seja, 7 segundos, 7 minutos, 7 dias, 7 semanas, 7 anos, 7 décadas...Ogum (caminho) andando com Exu (Caminho) não para de caminhar até chegar no seu objetivo.
Recorrer a essa energia para causas urgentes, difíceis ou de longa caminhada é recomendado!
CARACTERÍSTCIAS DE OGUM XOROQUE NA UMBANDA
Orixá regente: Ogum
Sincretismo religioso: São Jorge/Exu (popularizado nas
imagens presentes nos cultos hoje)
Dia de Ogum: 23 de Abril
Dia da semana: Segunda-feira ou Terça-feira, sendo meia
noite entre uma e outra o ponto forte da energia.
Cor de Vela: No T.U.S. Caboclo Pena Verde e Flecheiro de
Aruanda utilizamos o Preto com Azul escuro.
Fio de conta: Preto com Azul escuro.
Banhos e Ervas: Espada de Ogum, Aroeira, Quebra Demanda,
Vence Tudo, Lança de Ogum, Abre Caminho, Dandá da Costa, Pau Tenente,
Cavalinha, Gengibre, Peregun Verde, Quebra Facão, Colonia, Carvo Vermelho,
Cravo Branco, trigo. É muito comum associar a "comigo ninguém pode a
Ogum", é uma erva excelente para defender ambientes, todavia, não é
recomendada para banho, pois é uma erva tóxica em sua estrutura vegetal.
Saudação: Na nossa casa utilizamos “Ogunhê”, que significa “guerrear”. Em outras casas, é comum vermos o “Patacori Ogum”, sendo “Patakori” da etimologia “Pàtàkì” (Orixá principal, importante, nobre, digno) + “Ori” (cabeça, coroa, destino). É uma afirmação de que Ogum é o Líder Supremo que conduz as cabeças para vitória. O Termo “Xoroque” no povo Jeje, ou "Soróke" também pode ser associado ao Vodun Sòhòkwè, um guardião de templos.
Campo de força: Trilho de trem, estradas, rodovias, caminhos
que se cruzam.
Animais que representam a presença de Ogum Xoroque: lobos e cavalos.
Número: 7
Bebida: cerveja branca e/ou pinga.
Comidas: feijoada, feijão preto, inhame, cará, Banana,
carnes, pimenta.
Elementos de Ogum: Ferradura, pino de trilho de trem, espada
de ferro, objetos de ferro, pregos, ferramentas de trabalho, Wagi, rodas de
rolemã, facas, facões, tridente, etc.
Verbos ligados a Ogum: Cortar, Anular, Abrir, Caminhar,
Encaminhar, Aplicar (lei), Direcionar, Fortalecer, Proteger, Desdemandar,
Derrotar, Vencer, Desmagiar, Desatar, Empoderar, Liderar, Superar, outros.
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