É certo que religião e ciência não se misturam? Nem sempre! Hoje em dia a ciência tem respeitado e encontrado caminhos para religião e a religião tem evoluído e repensado em sua prática de forma mais sistematizada e organizada. Não chegamos ainda em uma "Ciência Umbandista" ou uma "Umbanda Científica", porém, já encontramos diversas religiões e campos da ciência que simpatizam e contribuem direta ou indiretamente com a prática de Umbanda. Vamos falar um pouco sobre ciências aplicadas a Umbanda?
ARTERAPIA E A UMBANDA
A Arterapia consiste em práticas terapêuticas que visam a cura através do ar. Envolve processos de oxigenação, respiração, conhecimento sobre o funcionamento dos pulmões, fluxo sanguíneo, atividades físicas, etc. Os estudiosos desta ciência defendem os ganhos à saúde de seus praticantes.
Em giras de Umbanda ela pode ser usada pelo guia mesmo que este não use estes nomes técnicos complexos. Pode ocorrer quando o guia pede para alguém respirar fundo, pode ser utilizado por dirigentes espirituais como ajuda ao médium que está desenvolvendo a incorporação, etc.
A respiração altera diretamente o comportamento humano, tanto com o propósito de acalmá-lo, quanto com o propósito de hiper estimulá-lo.
HIDROTERAPIA E UMBANDA
Ao falar de hidroterapia você já pensou em piscinas não é mesmo? A Hidroterapia consiste em práticas terapêuticas voltadas a saúde e bem estar através de atividades na água. Na Umbanda, o guia usa estes conhecimentos para fazer: banho de pés, banhos medicinais (água quente, água fria, vapor, etc), compressas, etc.
Sabe-se em Hidroterapia que a água FRIA (Por exemplo de cachoeira), contraem os vasos periféricos retardando as batidas do coração momentaneamente, com isso a pele fica corada, a pressão arterial abaixa e o coração acelera as batidas, dando a pessoa aquela sensação momentânea de falta de ar e em seguida, respiração ofegante.
Já a água QUENTE, a nossa pele tende a ficar pálida e em seguida rosada. Isso se dá em função dos movimentos vasculares, assim sendo, a pele pode executar facilmente estas funções. A água quente é indicada para remoção de substâncias mórbidas que habitam o nosso corpo (bactérias, sujeira, etc), não há só benefícios ou malefícios pelo uso de uma ou outra, o que há é uma indicação para cada situação. Por isso há pessoas que passam por tratamento como saunas, termas e afins, enquanto outros são indicados a banhos gelados de cachoeira, mar, etc.
GEOTERAPIA E A UMBANDA
Geoterapia são as práticas que buscam saúde e bem estar através da terra. Estudiosos deste tipo de terapia analisa solo, terra, pedras, física, química, substâncias sólidas, etc. Já no terreiro de Umbanda, muitas vezes o guia pede para o consulente tirar o sapato, pois a borracha é isolante de energia, ou seja evita que a energia do sujeito entre em contato com o solo.
Muitas pessoas relatam apreciar a sensação de andar descalços e /ou de colocar os pés nas areias do mar, em terras de sítio, etc. A terra parece ter um efeito terapêutico nítido e imediato para quem a manuseia. Muitos guias de Umbanda usam a terra não apenas como elementos de magia (enterrar, entregar, manusear, visitar um determinado lugar, etc), mas como elemento de energização, como por exemplo, firmezas e assentamentos em terra.
HELIOTERAPIA E A UMBANDA
A Helioterapia consiste nas práticas que buscam a saúde e bem estar através da energia solar. Estudiosos desta prática aprendem muito sobre cuidados com a pele, raio UV, raios gama, doenças de pele, etc. O que os cientistas sabem é que quando o sol toca a pele há uma imediata reação fotobiológica cujo resultado é a produção de vitamina D. Esta por sua vez, facilita a absorvição de cálcio e fósforo no organismo.
Ou seja, não ache estranho quando um guia de Umbanda indicar "Banho de sol" para alguém que procura um centro com a queixa de que tem alguma doença ligada aos ossos ou déficit de vitamina D, Cálcio e fósforo.
FITOTERAPIA, ETNOBOTÂNICA E A UMBANDA
Fitoterapia consiste em práticas que buscam a saúde e bem estar através do uso de ervas. Sabe-se que o tratamento de doenças através de ervas é um dos mais antigos da humanidade, pois antecede a criação da medicina. Homens da caverna comiam determinadas ervas tais como cachorros quando estão dom dor de barriga.
Com a evolução da ciência este conhecimento foi-se organizando. A fitoterapia é uma das ciências mais presentes em giras de Umbanda. Um fitoterapeuta, tal como um médium de Umbanda deve estudar muito este campo, a saber: Chá de amora é remédio abortivo, banho de comigo ninguém pode é contra indicado pois irrita pele e causa alergia, suco de inhame com laranja ajuda a combater os sintomas da pessoa que contraiu a dengue. A fitoterapia pode ajudar muito no tratamento de doenças (sejam banhos, chás, etc), porém, se não estudadas corretamente podem prejudicar ainda mais o quadro de saúde do consulente.
Uma das coisas básicas a saber sobre ervas é que elas se dividem em uso Interno (chá, xaropes, sucos, pó, inalação, etc) x uso externo (Banho, gargarejo, compressão, pomadas, óleos, etc). Há ervas específicas que não podem jamais serem indicadas para uso interno e vice versa.
Para saber esta diferença a "Etnobotânica" estuda o uso de ervas entre os diferentes povos da humanidade. O povo acumula conhecimento (o que dá certo x o que não dá) e transmite isso de geração em geração. Muitas ervas e seus benefícios foram passados por índios, xamãns, curandeiros, cultura ocidental, escravos, etc. Ao invés de sair por aí arriscando certo e errado, vale muito a pena ler um bom artigo científico sobre o que já tem seu resultado comprovado cientificamente (seja pela ciência ou pela sabedoria dos povos).
PSICOLOGIA E A UMBANDA
Psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano. Seus profissionais utilizam-se de práticas, técnicas e ferramentas para compreender o homem, o mundo e a relação entre eles. Tentam compreender e analisar cada comportamento buscando chegar na raiz do que fazem, como fazem, porque fazem, suas motivações, aspirações, personalidade, anseios, doenças mentais, bloqueios, traumas, etc.
A psicologia pode ser muito útil para a matéria do médium, uma vez que o guia utiliza seu aparato físico e metal para fornecer os atendimentos. Em giras de Umbanda é comum o consulente sair muito melhor do que entrou, sair com a sensação de ter sido ouvido, compreendido e orientado. Os guias tem muito do "profissional psicólogo". Agregaria muito valor aos atendimentos se o médium incluísse um pouco mais desta ciência em seus estudos.
CROMOTERAPIA E A UMBANDA
A cromoterapia é a ciência que manipula e estuda as cores para benefícios do ser humano. Estes estudiosos analisam os tipos de cores, história da arte, circulo cromático, doenças envolvendo daltonismo, problemas de visão, influências para digestão, sono, relaxamento, etc.
Na Umbanda é comum não só pelo Orixá, mas em mandalas o guia utilizar determinada cor de vela, tecido, flores e afins para realizar suas magias, ritos, feitiços e mistérios. É tão certo que as cores tem impacto no comportamento humano que a psicologia do consumidor tem agregado técnicas cromáticas em marcas e propagandas, uma bem recente e conhecida é a rede MC Donald's que usa cores quentes cientificamente comprovadas para estimular a fome.
CONCLUSÃO
Há muitas ciências hoje que contribuem direta ou indiretamente para a prática de Umbanda. Por isso ela se chama "Uma banda", pois não importa que tipo de ciência ou religião exista, ela filtra tudo que pode lhe servir junto ao atendimento espiritual e reconhece em seu uso dentro do terreiro, mesmo que na gira isso seja feito de forma "direta e não analítica", meio no sentido do "piloto automático" da palavra, os guias demonstram deter total conhecimento do que fazem e isso tem ganho cada vez mais o respeito dos estudiosos de renomadas instituições de ensino no país, como é o caso da PUC SP, USP, UNICAMP e outras.
Quando dizemos que a Umbanda é fundamento e é preciso estudar, isso é a frase que traduz muito o que a Umbanda representa. Não é porque ela nasceu com ramificações em diferentes religiões e campos da ciência que ela é generalista e tudo vale, pelo contrário, a Umbanda tem se mostrado muito rigorosa no quesito "saber o que está fazendo", o problema não está na Umbanda em si, mas na falha formação de novos médiuns e sacerdotes. Muitos ganham seus títulos sem o estudo e merecimento necessário, sendo liberados para passes a abertura de seus terreiros sem a prévia avaliação, preparo e noção do que esta religião representa. Fica como dica aos leitores estudar um pouco mais sobre estas ciências que podem e certamente terão impacto positivo direto sobre a prática mediúnica de seus terreiros.
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