Egun pode ser singelamente traduzido como “pessoa
morta”, mas seu significado pode ter variações de acordo com a nação do
Candomblé ou de Umbanda. No Candomblé Nagô, por exemplo, quer dizer “Osso” (uma
analogia a caveira).
Para ambos Egun é o espírito de uma pessoa falecida e não um
Orixá. Para algumas nações de Camdomblé os catiços tratados na Umbanda como os Caboclos
e Pretos Velhos seriam uma espécie de Eguns por serem espíritos de pessoas
falecidas ( índios de uma tribo ou africanos de outra). Para algumas raízes de
Umbanda, o Egun é um tipo de espírito de pouca luz.
Para algumas casas de Candomblé todo
quiumba é um egun, mas nem todo egun é um quiumba. Embora instáveis, os eguns
podem ser nossos antepassados e não necessariamente espíritos revoltos e
maldosos. Sabemos que os “catiços”são recebidos, reverenciados e
respeitados dentro dos terreiros, em especial de Umbanda. São espíritos de muita
luz que prestam sua caridade através de atendimento mediúnico. Na Umbanda é
comum atribuir a carga a Egun/quiumba sendo ambos espíritos de baixa luz (cada
um com seu propósito).
No Candomblé a casa de Egun é administrada geralmente fora
do ilê, pois o Egun pode atrair outros eguns e prejudicar alguém mesmo sem a
clara intenção. Em alguns terreiros de Candomblé, realiza-se anualmente a festa
para os Eguns, mas estes seres representam antepassados (alma dos Babalorixás,
Yalorixás, Ekedis, Ogans, Yawos ou Filhos de Santo do terreiro, já falecidos).
A Festa de Egun tem por finalidade não só prestar-lhes uma
homenagem, como ajudá-los a ocupar o seu lugar dentro da casa de Egum. Em
algumas doutrinas somente após 7 anos de morte é que um Egun tem entendimento
do seu papel no plano espiritual.
A casa de Egun é indispensável em qualquer terreiro mesmo
que não a festejem-na. Casa de Egun não precisa ser grande, basta separar um
local onde são colocados recipientes contendo alimentos da sua vibração. As
louças usadas podem ser louças quebradas ou rachadas simbolizando a vida que se
partiu.
Na Umbanda embora não se use este nome, o cruzeiro das almas
ou local onde se ascende vela para as almas no terreiro pode ser aproximado com
este lugar. Na Umbanda não se ascende velas para as almas dentro de casa,
muitas vezes nem dentro do terreiro.
No Candomblé não se faz festa de Egun dentro do terreiro. Estas festas são realizadas ao ar livre (vide
muitos vídeos de internet). Nessas ocasiões observa-se o fenômeno de
materialização de alguns Eguns sobre a palha.
Como em qualquer outra cerimônia, a Festa de Egun também
começa pelo Padê de Exú. Em seguida, canta-se para todos os Orixás oferecendo
cada um dos presentes uma moeda por sua presença. Colocamos então as moedas em uma
panela de barro que se encontra no centro do evento e a sua volta se dá cantos
e danças específicas de invocação.
Antes de iniciar os cânticos todos os filhos da pessoa morta
– para quem se vai cantar – devem voltar-se em direção a casa de Egun e pedir
licença. Durante toda a cerimônia, os Ogês ou Anixás seguram uma vara listada
de preto e branco, o Ixã, com o qual procurarão conter os Eguns, em caso de
necessidade.
Casas de magia negra e quimbandas utilizam Eguns e quiumbas para prática de maldade. Há de se observar que a maldade não está na religião, mas no enfoque que é dado a ela e aos seus rituais. O Egun para religiões africanas são feitos com grande respeito ainda mais por se tratar dos nossos ancestrais. Já os eguns pagãos ou espíritos de baixa luz, independente do nome que tenham acabam por executar o mau em troca de entregas e pedidos.
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