A Inteligência é um fenômeno que sempre intrigou e acabou sendo objeto de estudo da psicologia. No dicionário vemos a sua singela tradução como “capacidade do aprender, do conhecer e do fazer coisas” e portanto, parte da personalidade de alguém. Deste conceito inicial se derivam os tipos de inteligência: musical, lógica, numérica, abstrata, espacial, emocional, espiritual, racional, subjetiva, entre outras e que foram permitindo-se pela ciência serem medidas por seus especialistas (Testes psicológicos, testes de inteligência, testes de QI, etc).
Para Umbanda, a inteligência
também virou objeto de estudo, porém, em um teor muito mais subjetivo do que estão acostumados os cientistas. É tido como
manifestações do Orixá Oxossi na humanidade (Orixá que entre outras coisas rege
o trono do conhecimento). É importante salientar que da mesma forma que o direito de ser
uma boa mãe não é reservado a filhas de Yemanjá, e que ser um filho justo não é
privilégio de nativos de Xango, a inteligência não é algo exclusiva de filhos
de Oxossi.
Tanto na psicologia (ciência)
como na Umbanda (religião) é necessário preparo para poder analisar o
comportamento alheio para que isso não seja feito levianamente. Podemos sim por
influência dos santos de cabeça estar mais sensíveis a determinadas
características de personalidade e conduta que os filhos de outros Orixás,
mesmo assim, é preciso muito cuidado para não generalizar e buscar
justificativas para comportamentos inadequados colocando como causa do
comportamento o poder do “Santo”, por exemplo, é grosso e impaciente porque é
de Yansã. Não! Uma pessoa é grossa e impaciente porque escolheu ser! O ser
humano tem o livre arbítrio para escolher “o que aprender, o que conhecer e o
que fazer”, portanto, livre arbítrio para ser uma pessoa inteligente, coerente
e sensata entre o que fala, prega e faz!
O reducionismo na analise
comportamental de personalidade (o que as pessoas fazem, como fazem, porque
fazem) podem causar uma imensa confusão entre filhos, entre casas e na relação
do médium-guia-consulente e pior, podem causar, gerar e permitir uma
intervenção inadequada para aquele repertório. Há um grande abismo entre o que
se vê x entre o que se interpreta x entre o que realmente é. Neste abismo, nem
os próprios médiuns ou psicólogos estão isentos de equívocos em seus afazeres,
orientações, sugestões e atuações.
Esqueçamos um pouco a psicologia,
pois ser um psicólogo não me faz um bom médium, mas minhas condutas sim! Eu
poderia ser um psicólogo de formação com atitudes infundadas e meu diploma não
me salvaria! É importante deixar isso claro ao leitor! Se você é cozinheira na
sua vida pessoal isso não lhe fará uma melhor mãe de santo ou melhor cozinheira
de santo! São as suas atitudes que contam! Caso contrário, todo Umbandista
deveria fazer biologia para poder entender de ervas! Cursos E diplomas não
fazem você um bom benzedor, mas suas atitudes perante os ensinamentos de Oxalá,
a intencionalidade da sua mente e coração sim!
Como vimos no inicio do texto, há
vários tipos de inteligência. Quero chamar a atenção de vocês para um tipo de
inteligência: A inteligência emocional. Uma vez visitei um terreiro de Umbanda
e fui atendido por um caboclo que antes de me dar um passe ou iniciarmos um
diálogo me questionou que seu eu estava visitando ali era porque minha casa não
era boa o suficiente e por isso eu estava necessitando visitar uma outra casa.
Convido-os para pararmos neste momento para analisarmos o comportamento deste
guia/médium.
Inicialmente fiquei irritado
pensando “como pode um guia ser tão grosso, deve ser o médium passando na
frente”. Com o passar do tempo me permiti pensar com outro viés “por outro lado
ele poderia estar certo, pois se a minha casa me abastece de tudo que eu
preciso: conhecimento, curiosidade, amor, companhia, caridade, etc...o que eu
precisaria com aquela visita?”. Suponhamos que o conselho do guia estivesse
adequado para meu momento de vida, a forma como este conselho foi dado não casa
com Umbanda! Pois Oxalá (Jesus em terra!) nunca precisou ser grosso com ninguém
para ensinar, nem mesmo com Judas! Daí eu me pergunto será que a personalidade
do médium, a sua baixa inteligência emocional para controlar seus sentimentos e
separá-los do passe não poderia estar atrapalhando o atendimento? Será que já
aconteceu comigo? Será que já aconteceu com você?
O guia usa o que você tem a
oferecer como matéria e isso diz respeito às suas qualidades e defeitos.
Competências e limitações. Tem coisas que são nossas e tem cosias que são dos
guias. Separar isso é o que eu sempre peço ao meu pai Oxossi e isso tem dado
muito certo, pois em menos de 3 anos dando passes na Tenda de Umbanda do
Caboclo Ubirajara (SP) tenho ganhado elogios de pessoas que voltam dizendo sentir-se bem e/ou comparando o atendimento com o de terceiros. Eu aprendi com a flecha de Oxossi que o guia não precisa se vangloriar e dispensa elogios, que isso é do ser
humano. Na nossa casa da Umbanda não se pode escolher o guia com quem vai passar (embora muitas pessoas achem ruim) isso ajuda muito o desenvolvimento
do médium, pois um dia você tem dois, três para atender, no outro quatro, cinco
e está sempre atendendo gente diferente (se não estiver muito bem separado o
que é seu e o que é do guia, rapidamente corre o risco de prejudicar avida do
atendido).
Eu aprendi que não importa se eu
vou atender um ou mil pessoas, o que conta é a qualidade e é exatamente isso
que faz elas voltarem. Eu aprendi que não se tem canto no terreiro, o guia
trabalha em qualquer lugar, pois não é o lugar que mede a qualidade e sim as
nossas atitudes. Eu aprendi muitas coisas sou muito grato a Oxalá, Oxossi e
todos os meus guias e mentores.
Ascenda sua vela verde e peça com
fé a Oxossi que lhe dê conhecimento e inteligência emocional para poder ser
quem você é e que isso não interfira no seu atendimento. Ali deve ser dado o
que a pessoa precisa e não o que você quer ou acha que é moralmente correto.
Ali você deve se desprender da sua personalidade, pois está servindo de
transporte para personalidade do guia.
O conhecimento externo é fácil de
ser ensinado: livros, revistas, palestras e cursos abastecem ao cérebro. Mas o
conhecimento interno, quem você é, o que você tem dificuldade de lhe dar, este
é mais difícil seja você procurando psicoterapia ou um centro espírita, o que
vai contar no fundo são as suas atitudes.
Desejo de todo meu axé que Oxossi traga muito
conhecimento na sua vida não apenas para guarda-lo de forma egoísta, mas para
que você Saiba coloca-lo em prática e possa multiplica-lo. Afinal de contas, o
conhecimento é a única coisa na matemática que multiplica quando se divide! Okê
ArÔ Oxossi!
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