“CUIDADOS COM A COROA”: O QUE MÉDIUNS VETERANOS OU EM DESENVOLVIMENTO DEVEM OU DEVERIAM SABER Á RESPEITO ?

A coroa é a região em torno de nossa cabeça, formada por um círculo imaginário que parte da testa, passa pela nuca e retorna à testa, abrangendo todo o centro do couro cabeludo e um pouco acima dele. É o local que concentra o Ori, o centro de nossa energia espiritual, que é diretamente influenciado por Oxalá e pelos nossos orixás de cabeça. Pode ser comparada a um "chip espiritual", um "drive" ou "cérebro" energético que nos acompanha ao longo de nossa encarnação.

A coroa é um lugar sagrado e puro. Todos nascemos com ela, mas, ao longo da vida, sua pureza pode ser mantida ou corrompida conforme nossas atitudes e os ambientes que frequentamos.

A coroa e as escolhas que moldam sua energia

Um exemplo interessante é o caso de alguém que cumpre pena por homicídio. Essa pessoa não nasceu com uma coroa “suja” ou pré-disposta a cometer tal ato, assim como ninguém nasce com uma coroa “limpa” destinada a ser uma pessoa iluminada. Todos recebemos a oportunidade de nascer com uma coroa pura, acompanhada de orixás regentes, independentemente de sermos médium, umbandistas ou não.

Estudiosos espirituais acreditam que nossas memórias de vidas passadas são apagadas para que possamos viver o presente, aprender e nos desenvolver espiritualmente. Assim, os cuidados com a coroa são responsabilidade nossa e podem ser comparados aos cuidados com os dentes: eles ficam saudáveis ou deteriorados de acordo com nossas atitudes.

Abaixo, apresentamos algumas práticas importantes, especialmente voltadas para médiuns iniciantes ou veteranos da Umbanda, no que diz respeito à gestão e ao cuidado com sua coroa.

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O pano de cabeça

O pano de cabeça é um item indispensável para quem trabalha na gira, seja iniciante ou veterano. Ele não é apenas um pedaço de tecido para enxugar o suor. Sua função vai além:

• É usado para “bater cabeça” no chão em rituais (antes, durante ou após a gira).
• Auxilia na prece ao ser colocado sobre os olhos ou em contato direto com a cabeça.
• Cobre a coroa durante a incorporação de orixás como Obaluayê, Oxalá e Omolu, dependendo da doutrina da casa.

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Banhos de ervas na coroa

Nas religiões de matriz africana, há divergências sobre quais ervas podem ser utilizadas na coroa. Diferentes doutrinas classificam as ervas de maneiras diversas, como:

• Quentes, mornas e frias.
• Ligadas a determinados orixás (como ervas de Oxóssi, Oxalá, etc.).
• Ervas para corpo e ervas para coroa.

Apesar das diferenças, algumas ervas são amplamente aceitas para banhos de limpeza espiritual da coroa, como rosa branca e tapete de Oxalá. Para o desenvolvimento mediúnico, ervas como alfazema, anis estrelado, colônia, manjericão, samambaia e oriri são frequentemente recomendadas.

Sempre consulte um guia ou pai/mãe de santo de confiança antes de realizar banhos mais específicos, como batismos, amacis ou banhos de fortalecimento.

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O poder equilibrador da alfazema

A alfazema é conhecida por seu grande poder de equilíbrio energético. Muitos filhos de santo, ao chegarem do terreiro, passam alfazema em suas guias e na cabeça para apaziguar e limpar pensamentos. Essa prática ajuda a remover os resquícios energéticos que trazemos das ruas ou do trabalho.

Se você estiver estressado, cansado ou triste, aplique alfazema na coroa, deite-se no chão ou ajoelhe-se diante do congá e faça uma prece, pedindo a Oxalá e Yemanjá que lhe conceda boas energias para o seu Ori.

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Ritual de pemba

Um ponto popular da Umbanda canta:
"Deus salve a pemba, também salve a toalha, salve a coroa, é de nosso santo, é maior."

Durante esse ritual, o pó de pemba é espalhado pelos cantos do terreiro, e os filhos passam a mão sobre suas coroas em sinal de limpeza, respeito e proteção. Cada terreiro adapta esse ritual conforme sua doutrina.

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Proteção contra intenções maldosas

É importante estar atento a quem toca sua coroa. Infelizmente, há relatos de pessoas mal-intencionadas que utilizam essa ação para tentar influenciar ou manipular comportamentos alheios. Por isso, na maioria das doutrinas umbandistas, apenas os pais e mães de santo têm permissão para tocar a coroa de um filho.

Evite também brincadeiras com o cabelo ou cabeleireiros carregados emocionalmente. Prevenir é sempre melhor.

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Banhos higiênicos

Lavar a cabeça normalmente não desrespeita a coroa, mas atenção aos componentes dos produtos utilizados. Cosméticos à base de elementos como mel, babosa ou camomila podem movimentar energias. Prefira produtos com pH neutro e evite substâncias que ativem vibrações indesejadas.

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Velas para o anjo da guarda

Ao acender uma vela para seu anjo da guarda, eleve-a antes em sua coroa, fazendo movimentos circulares da direita para a esquerda. Isso consagra a vela antes de colocá-la em um local seguro. Nunca acenda velas diretamente no chão, que é um espaço dedicado a Exu.

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Banhos de cachoeira, mar e chuva

Esses banhos são ótimos para limpar a coroa e a alma, independentemente do seu orixá de cabeça. Enquanto cachoeiras e mares são frequentemente visitados em grupos de terreiro, a chuva é igualmente poderosa e abençoada. Não deixe de aproveitar esse presente natural.

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Oração antes de dormir

Preces diárias ajudam a nutrir e proteger a coroa. Reflita sobre suas ações, respeite os ensinamentos de Oxalá e siga os mandamentos espirituais. Essas práticas fortalecem sua conexão com o divino.

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Cuidados após trabalhos ou visitas ao cemitério

Após trabalhos espirituais, enterros ou velórios, evite entrar em casa com as mesmas roupas e calçados. Deixe uma jarra de água na porta para lavar simbolicamente sua coroa, pedindo a Oxalá que purifique sua energia e recolha qualquer espírito que possa ter se aproximado.

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Conclusão

Cuidar da coroa é uma jornada contínua de aprendizado. Cada terreiro e guia pode oferecer orientações específicas, mas o mais importante é desenvolver sua independência espiritual. Cuide de sua coroa, mantenha-se limpo, disposto e protegido sob as leis divinas de Oxalá.

Se você conhece outras práticas que ajudam no cuidado da coroa, compartilhe! Afinal, o conhecimento cresce quando é dividido.

Okê Arô Oxóssi! Axé!

Pai Eduardo de Oxossi