Meu nome é Fabiana, sou sacerdotisa do T.U.S. Caboclo Pena Verde e Flecheiro de Aruanda que fica na Freguesia do Ó. Sou médium de Umbanda há mais de 15 anos, sendo 6 como dirigente e zeladora espiritual.
Conheci e descobri que eu tinha Zé Pelintra quando era médium do Terreiro do Caboclo Ubirajara (também na Freguesia do Ó). Achei muito esquisito no começo, pois quem incorporava malandro dava um show de samba e dança no salão e o meu ficava ali mais contido. Cheguei a até duvidar: será que é o zé? Será que é coisa da minha cabeça? Porque meu Zé não dança?
Anos depois ao ir afinando o trabalho com ele, acostumando-me com seu jeito fui aprendendo que nem todo guia é igual. Aprendi que você não pode mistificar ou copiar o guia alheio para provar que você está incorporado, isso seria o que chamamos "passar na frente do guia", ou seja, querer que ele se comporte de um jeito em terra, tenha um determinado tipo de gesto e no fim ele não tem.
Quando me deixei levar, me permiti sua manifestação energética e me desprendi do que os outros vão pensar, como por exemplo: "Olha lá, o zé daquela médium não dança", quando passe a dar mais atenção ao meu guia do que ao mundo externo descobri realmente a força do zé pelintra que trabalha comigo.
Ali ele começou a me mostrar que na falange de malandros mais vale um guia que põe seu asé na caridade, no auxílio do próximo, do que aquele que só dança, bebe e não tem um conteúdo, um fundamento, uma gota de sabedoria para compartilhar.
Descobri que não tem o jeito mais certo para uma malandro, eles são do jeito deles e mais, nem todo malandro tem que ser zé pelintra. O zé pelintra que não dança é o mesmo que um ere que não come doces, come frutas...e assim por diante.
Se você se preocupa com algum gesto ou manifesto dos seus guias, procure a orientação da casa que você frequenta e mais, procure ouvir seus guias, não coloque a opinião dos outros acima da energia que deus e os orixás destinou à você. Não desdenhe seu guia ou orixá porque ele dança diferente dos outros, ou no meu caso, que ele não é um pé de valsa. Não é a opinião do outro que vai dizer se você está com o malandro ou não, é exatamente o contrário!
É o malandro que te acompanha que vai calar a boca de quem se acha esperto e audacioso para vir falar de você e dos seus mentores. Meu zé pode não dançar em terra, mas ele ginga muito bem correndo gira e é nestes anos de Umbanda que ele nunca me deixou perder um jogo na vida, ele está sempre me mostrando as regras e quais cartas tenho que empregar para driblar meus adversários, as demandas e como posso me tornar uma pessoa melhor para mim, para meu semelhante e para sociedade.
Esse é meu zé pelintra, ele não dança, ele corre gira!
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