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ORIXÁ PRECISA DE FESTA?


INTRODUÇÃO



Este texto ilustra a doutrina da casa Pena Verde, Pena Azul e Caboclo Flecheiro de Aruanda, respeitando todas as casas que existem e suas diferenças de opiniões. Cada casa age da forma que acredita. o Importante é manter sempre o respeito a pratica alheia. 

O QUE É ORIXÁ?

Embora esta resposta possa conter alterações entre membros da Umbanda, do Candomblé, do Umbandomblé, da Kimbanda (K), da Quimbanda (Q), do catimbó, da Jurema, entre outras religiões que cultuam estes seres, ambas parecem entrar em um acordo ao responder esta questão referenciando-os a: manifestação de Deus em um dos sete tronos sagrados. É a manifestação das forças da natureza. É a pureza energética sagrada que rege o plano espiritual. 

É, portanto, a pureza, o evoluído, o elevado, o santíssimo. Só pela sua tradução já dispensa festas. Deus não quer a sua roupa, mas o seu coração, as suas intenções, a sua fé, o seu amor, a caridade, etc. 

O QUE É FESTA?

Festa é um encontro social onde pessoas se reúnem para comemorar alguma coisa, por exemplo:

A) Festa de aniversário: pessoas se reúnem para comemorar que uma determinada pessoa está passando mais um ano pela data do seu nascimento. 

B) Festa de Casamento ou noivado: pessoas se reúnem para celebrar a união de duas pessoas em um ritual matrimonial (casamento) ou pré-matrimonial (noivado).

C) Festa de final de ano de empresa: pessoas se reúnem para comemorar corporativamente os resultados obtidos pela empresa ou meramente para comemorar o final de ano.

D) Festas de datas comemorativas: carnaval, natal, ano novo, etc. Datas em que pessoas se reúnem para comemorar um determinado feriado (local, nacional ou internacional).

E) Festas religiosas: Festa de Yemanjá, Santa Seia, Festa de Cosme e Damião, Festa de São Augustinho, etc. São festas em que pessoas se reúnem para mostrar a sua fé a um determinado ícone religioso.

F) Festa de despedida de solteiro, chá bar e semelhantes: Festa em que pessoas se reúnem para interesses particulares. Pode ser a diversão, a arrecadação de itens para doação, etc.

ORIXÁ PRECISA DE FESTA?

Percebam que para o brasileiro, em especial o que não falta é festa. Quero chamar a atenção do leitor para a explicação "F" de festa. Geralmente pessoas que fazem festa de santo alegam que estão fazendo para louvar o Orixá. Não é necessário criar uma festa para louvar o Orixá porque o Orixá é louvado nos cultos e giras de terreiro. 

Quer agradar um Orixá? Peque os R$ 1.000,00 que você gastaria em uma festa cara alimentando pessoas de comida soberba e faça uma frente de caridade junto a asilos, mendigos, crianças carentes, etc. O Orixá tem mais o que fazer do que só vir em terra dançar ou se mostrar para pessoas em uma festa. Este próprio termo "festa" é muito infeliz pois remete a comemoração e infelizmente no Brasil virou calendário comercial. 

Tudo vira motivo de festa e, portanto, motivo para gastar dinheiro e movimentar o mercado econômico. Caridade está muito distante de capitalismo como Orixá está muito distante de festa. O Orixá não vai ficar triste com você se ao invés de você não gastar R$50,00 com metros de TNT, bexigas e enfeites e preferir fazer marmitas para distribuir a moradores de rua. O Orixá não precisa de festa. Quem precisa e sente falta é a matéria, o homem. O Orixá precisa de caridade, de louvor, de energia e de um coração coerente com aquilo que se prega.

DIFERENÇA DE FESTA X ASÉ

Entendo como "Asé" um "lembrete" importante na história daquele Orixá, por exemplo, dia 23 de abril é dia de Ogum, em nossa casa (Terreiro Pena Verde, Pena Azul e Flecheiro de Aruanda em SP) geralmente fazemos com que os Oguns dos filhos da casa venham em terra, damos-lhes espadas de Ogum e cerveja e a assistência entra na corrente para levar o "Asé" daquele Orxia, não que nos outros dias não leve ou leve um "Asé menor", mas damos este nome para não condicionar a palavra "festa".

Festa remete a você escolher roupas diferentes (festa de gala, festa a fantasia, festa do branco, etc), no "Asé" nada muda, o que muda é que lembramos a assistência que aquele dia é diferente pelo Orixá e não pela festa. Terreiros estão se perdendo nas festas e alguns deles tem mais calendário de festas do que de gira. Umbanda não cobra dizimo e quando cobra mensalidade, quem absorve esta responsabilidade geralmente são os médiuns da casa. 

Festa necessita de investimentos, promove polêmica e competitividade entre os filhos (quem tem melhores condições compra melhores roupas e as vezes a assistência olha uma pessoa incorporada em belos trajes e julga acreditando que ali está um Orixá em mais energia do que naquele que está em trajes mais humildes). 

O Orixá não quer separação, não quer eventos de Ego. Ele quer a caridade, o amor e a "Umbanda", simples como ela é. Pergunte a um preto velho se na senzala haviam festas anuais. Pergunte a um caboclo se em sua aldeia há festas anuais, pergunte a um exu o que ele entende por "festa". Pergunte a um Cigano (festeiro como tem sua fama) se o que ele chama de festa é um mero encontro para que casais de Ciganos fiquem a bailar incorporado. 

RESPEITO É A BASE. DIGA NÃO A HIPOCRISIA!

Não é porque a sua casa não atua com festas que você também deve desdenhar a casa alheia. Respeitamos as casas que fazem longos calendários de festas, porém, neste texto estamos relatando como funciona na nossa casa. Cada casa tem a sua doutrina. É de suma importância que mantenhamos o respeito sobre a doutrina alheia. Não existe dono da verdade, mas existe divergências de opiniões e a postura de uma determinada casa remete a postura dos seus dirigentes.

Há muitos filhos que não pagam a mensalidade para comprar velas para caridade, mas ao dizer "festa de santo", "balada com amigos", magicamente o recurso aparece. Um centro de Umbanda não é mantido através de festas, vidas não são ajudadas através de festas. Festa é na essência da palavra um evento social de comemoração. Fazê-la em uma ocasião ou outra é naturalmente compreensível. Deixar que ela tome ou tire de foco o propósito da religião, isso jamais pode acontecer. 



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