Alguns internautas tem me procurado para saber sobre o termo Abíkú. Em toda minha experiência na Umbanda, raramente vi este termo sendo empregado, por outro lado, ele é frequentemente visto em algumas nações de Candomblé. Conhecimento é conhecimento, seja ele Umbandista, Candonblecista, etc. É sempre muito rico lermos e aprendermos da nossa e das outras religiões para em um futuro mantermos um bom diálogo, respeito e saber criticar ou opinar sobre uma determinada prática religiosa com fundamento e não meramente "criticar por criticas". As religiões espíritas tem fundamento e é preciso estudá-las. Então para não deixar os leitores do Blog "Baiano Juvenal" sem resposta, busquei uma versão que achei interessante sobre o termo "Abíkú", abaixo compartilho com vocês.
Boa leitura!
Eduardo de Oxossi
Administrador do Blog
A tradução literal é
"Nascido para morrer", nome designado a crianças ou jovens que morrem
antes de seus pais. Há, assim dois tipos de Abíkú: O primeiro Abíkú-omode,
designado a crianças e o segundo, Abíkú-Agba, referindo-se a jovens ou adultos
que morrer, via regra em momentos significativos de suas vidas e sempre antes
dos pais, apresentando nisso uma alteração da ordem
natural que é aceita e entendi como aqueles que chegaram primeiro ao Aiyè,
voltam primeiro ao Orún.
No Orún vive um grupo de crianças chamada de Elegbe
e este grupo constitui o Egbé Orún Abíkú, ou seja, sociedade das crianças que
nascem para morrer. Contam os mitos que a primeira vez que os Abíkú vieram para
o Aiyé foi em Awaiye e constituiam um grupo de duzentos e oitenta, trazido por
Alawaiye, chefe dos Abíkú no Orún. Na encruzilhada que une o Orún ao Aiyè,
todos pararam e vários pactos foram feitos, definindo o momento particular do
retorno de cada um ao Orún.
Alguns voltariam quando vissem pela primeira vez o
rosto da mãe, outros voltaria quando casasse, um terceiro grupo voltaria quando
completasse determinado tempo de vida, uma quarto grupo voltaria quando tivesse
o primeiro filho, e assim por diante. O carinho e o amor dos pais não seriam capazes
de retê-los no Aiyè. Alguns assumiram o compromisso de que nem nasceriam.
O Iyorubá acredita que a ação do Abíkú ocorre por
determinação do destino da mãe, ou por força de magia, ou ainda por condições
acidentais. Existe a crença de que uma mulher grávida, ao passar por
determinados locais em que os Abíkú se estabelecem se não estiver devidamente
protegida, pode ser invadida por este espírito e tornar-se sujeita à gravidez
de um Abíkú. É muito comum que mulheres Iyorubá quando estão grávidas carreguem
junto à barriga um Okutá preparado para evitar a invasão de ums espírito Abíkú.
Elegbe é cultuado e louvado com a finalidade de
defender as crianças da morte prematura e oferendas lhe são feitas para que
desistam de levas os Abíkú de volta ao Orún. Existem pessoas que são Abíkú e existem pessoas que
tem espírito Abíkú. Quando a criança nasce e a mãe morre ou a gravidez é
gêmeos, trigêmeos e uma das crianças nasce morta as que ficam são Abíkú, isso
significa que a criança é Abíkú.
Pessoas que tem espírtios Abíkú são crianças
que foram invadidas pelo espírito ainda na barriga da mãe, esse tipo de Abíkú é
o mais díficl de identificar-se. A pessoa com espírito Abíkú tem grande carrego
com Ikú, e o cuidado com mortes súbitas deve ser dobrado. Os espíritos Abíkú
podem escolher famílias e acompanhar a família, de geração em geração. Ou seja,
sempre terá um espírito Abíkú na família.
Por último, dois aspectos são importantes de serem
nomeados: O primeiro diz respeito ao que podemos chamar de comportamento peculiar
da criança Abíkú. São certamente crianças que se distinguem por este aspecto.
Segundo, a resitência, na nossa cultura, que os pais têm em aceitar o fato de
terem um filho Abíkú e a dificuldade consequente em lidar com esta criança e
todas as necessidades decorrentes da luta pela sua permanência no Aiyè.
Cabe ai
um importante papel para o sacerdote que pode ajudá-los a compreender a
questão, dar-lhes orientação e acompanhamento durante todo o processo.Um Abíkú
nunca poderá ser raspado, podem ser Ogans, Ekedjís ou rodantes. Aos Sacerdotes e Sacerdotisas - Não saiam colocando
todos que chegam em suas casas direto para o ronkó sem procurar saber tudo que
é necessário para aquela cabeça.
Infelizmente os Sacerdotes hoje não estão se
preocupando com o bem estar do filho e sim o dinheiro que irão pagar pela
feitura ou obrigação. Esquecendo-se que cada cabeça é uma cabeça. Nem toda
cabeça foi feita para ser raspada, nem todos que não viram são Ogans ou
Ekedjís. Uma pessoa que tem espírito Abíkú pode sim viver uma vida tranquila
sem pertubações Ikú, desde que o Sacerdote saiba acalmar a furia de Ikú, para
que seu filho viva em paz. Meus respeitos a todos os Sacerdotes, mas esqueçam
um pouco o dinheiro e pensem um pouquinho mais nas cabeças que lhes são
confiadas.
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