Em março escrevemos sobre a
Quizila de Oxossi (Mel) e este mês estamos trazendo ao leitor a história da
Quizila de Nanã (Metal). Boa leitura!
No inicio dos tempos os pântanos
cobriam quase toda a terra, este território fazia parte do reino de Nanã
Buruquê. Ela tomava conta de tudo como boa soberana que era. Quando todos os
reinos foram divididos por Olorun (Deus) e entregues aos Orixás (Forças da
Natureza) uns passaram a adentrar nos domínios dos outros e muitas discórdias
passaram a ocorrer.
Foi nessa época que surgiu esta
lenda. Ogum (Orixá guerreiro das estradas, da guerra e do metal) precisava
chegar ao outro lado de um grande pântano, lá havia uma séria confusão
ocorrendo e sua presença era solicitada com urgência.
Resolveu então atravessar o
lodaçal para não perder tempo. Ao começar a travessia que seria longa e penosa
ouviu atrás de si uma voz ranzinza e autoritária:
- Volte já para o seu caminho rapaz!
Era Nanã com sua majestosa figura
matriarcal que não admitia contrariedades.
- Para passar por aqui tem que pedir licença!
Disse Nanã.
- Como pedir licença? Sou um guerreiro,
preciso chegar ao outro lado urgente. Há um povo inteiro que precisa de mim.
-Não me interessa o que você é e sua urgência
não me diz respeito. Ou pede licença ou não passa. Aprenda a ter consciência do
que é respeito ao alheio.
Ogum riu com escárnio:
- O que uma velha pode fazer
contra alguém jovem e forte como eu? Irei passar e nada me impedirá!
Nanã imediatamente deu ordem para
que a lama tragasse Ogum para impedir seu avanço. O barro agitou-se e de
repente começou a se transformar em grande redemoinho de água e lama. Ogum teve
muita dificuldade para se livrar da força imensa que o sugava. Todos seus
músculos retesavam-se com a violência do embate. Foram longos minutos de uma
luta sufocante até que conseguiu sair, no entanto, não conseguiu avançar e sim
voltar para a margem. De lá gritou:
-Velha feiticeira, você é forte não nego,
porém também tenho poderes. Encherei esse barro que chamas de reino com metais
pontiagudos e nem você conseguirá atravessa-lo sem que suas carnes sejam
totalmente dilaceradas!
E assim fez. O enorme pântano
transformou-se em uma floresta de facas e espadas que não permitiriam a
passagem de mais ninguém. Desse dia em diante Nanã aboliu de suas terras o uso
de metais de qualquer espécie. Ficou furiosa por perder parte de seu domínio,
mas intimamente orgulhava-se de seu trunfo: Ogum não passou!
MORAL DA HISTÓRIA
Diz-se então que metal é Quizila
de nanã. Sua comida jamais pode ser cortada ou empregada com algum tipo de
metal. Quizila diz respeito a tudo aquilo que o santo rejeita. Umbanda é
fundamento e fundamento exige estudo. Há muitas outras lendas pela internet, em
livros e em registros teológicos, podem e são contadas de forma diferente mas a
grande parte parece concordar que Nanã Buruquê dispensa o metal em seus
trabalhos, magia e comida ritualística.
Entregar metal para Nanã Buruquê é uma afronta! Entregas quiziladas são comum em trabalhos de quimbanda e magia negra afim de derrubar a força do Orixá de alguém. O espiritismo não faz ninguém melhor ou pior, mas as nossas atitudes em querer o bem ou o mal do próximo sim. Umbanda é amor, caridade e fé. É a religião que prega os valores do evangélio sobre uma perspectiva diferente, porém, com o mesmo foco em Deus nosso senhor e mentor.
Bom dia gostei muito e queria saber se este orixá nanã pode comer pela mão de homen
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